Então ela conclui dizendo: Abre aspas. Todos os alunos da sala a encaram, como se esperassem o que vem depois das aspas. Ela os devolve um olhar amoroso, recolhe suas coisas na mesa e parte em direção a porta. Até que um aluno a para no caminho: Professora, o que vem depois das aspas?. Ela sorri para aquele jovem, que mal sabe a beleza das palavras ainda e diz: Isso depende de você. Então continua seu caminho.
Os outros alunos, que ouviram esse curto diálogo trocam olhares de espanto. Todos se perguntavam o que vem depois das aspas. Daí começou um debate sobre o que vai acontecer.
Abre aspas. Duas palavras que podem levar a vários caminhos. O que acontecem entre esse sinal gráfico pode mudar o rumo de tudo que acontecerá no texto. É possível descobrir um novo amor, uma traição, a solução de um mistério. “Eu te amo”, “Eu te odeio”, “Eu quero ficar com você por toda eternidade”, “Ela não resistiu”. Tantos caminhos, tantas possibilidades.
No dia seguinte, quando a professora entra novamente na sala, os alunos não falam nada sobre a aula anterior. Ela coloca suas coisas no birô e pergunta a eles: O que ocorre após as aspas? Os alunos levantam as mãos, loucos para expor suas ideias. Ela calmamente escuta cada uma das opiniões, das mais diversas e únicas opiniões. Depois de muito ouvir, ela responde a curiosidade dos alunos: Ela fala “Adeus”. Todos presentes na sala olham para a professora, alguns, mais sensíveis choram, outros ficam em silêncio e se contentam em olhar para o teto. Mas todos, sem exceção, sentem o peso da escolha daquelas palavras.
Depois daquele dias, aspas nunca foram tão reveladoras e temidas pelos alunos. Todos entenderam a função daquele sinal gráfico, e mais, entenderam sua função na vida, de mudar o curso e trilhar um novo caminho.
Um comentário:
Muito bom, parabéns Bella. Agora meu sorriso! :)
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