Eu me sento e espero pelo entardecer. São momentos como esse em que vemos como é bela a vida. Em que outra hora veríamos o céu laranja? Durante o amanhecer, ele está vermelho, é quando o céu mostra as marcas da noite. Ao entardecer ele se arrepende pelos erros cometidos no dia. Agora está escurecendo, porém ainda é claro, posso ver os últimos raios de sol no horizonte. A noite está chegando, e o dia vai partindo. Porém, ao entardecer, eles param para conversar. Dois opostos convivendo em perfeita união. O entardecer é a hora mágica, é a hora em que renovamos a nossa esperança: por mais escuro que esteja, o sol há de nascer e iluminar meus caminhos, por isso, posso continuar.

Isabella Quaranta

quinta-feira, julho 15, 2010

À Espera do Entardecer – Capítulo 13: Sui Juris

Eu sei que é um milagre eu estar postando com esse título, mas UHUL! EU POSTEI!

Então, eu curti esse capítulo, mesmo achando que é um dos mais lentos fora os que eu conto a história de algo. Hey, nem sempre da pra ter ação. À partir do próximo que a coisa vai pegar. Então me deêm um crédito adiantado.

E aí, gostaram da nova cara do blog? Decidi deixar ele mais sei lá. Diferente. A imagem do topo foi um surto que eu curti pracas. Acho que até o fim do mês deve sair minha fic no FFOBS, estou dependendo da Beta pra isso, se você quiser que eu poste aqui com os nomes originais que foram pensados, eu posto. No FFOBS a fic será interativa, ou seja, você escolhe os personagens. Eu já sou leitora assídua deles então, se curtir ler fics, eu super indico!

Sobre os caps que estão reescritos, amanhã eu to postando sem falta. Aí na lateral do blog terá um nota sobre quais já foram atualizados, é só acompanhar.

Beijos, boa noite (ou o que for aí) e aproveitem esse cap. 

Capítulo 13capítulo 13

- Bom, parece que já sabemos para onde ir – Derek comenta.

- É mesmo? Então para onde seria super gênio da arte da dedução? – Luke ironiza.

- Suíça, lógico! Onde mais acharíamos uma cidade chamada Lucerna em um país frio que seja a terra natal de um de nós? – Derek explica como se fosse um Sherlock desvendando um mistério dos mais simples.

- Ele está certo. – Nathan ergue a cabeça – Estávamos entre Noruega e Suíça, e eu posso garantir que não há nenhum lugar chamado Lucerna no meu país.

- Certo. – Jean Patrick anda impacientemente pela sala – Só uma dúvida: o que vamos procurar exatamente em Lucerna?

Reparo vários olhares, assim como os meus, se voltando para Jean Patrick. Realmente, eu não faço ideia do que vamos fazer na cidade, esperava que quando chegássemos lá, o Livro fosse nos dizer o caminho. Pela expressão de todo mundo, eles pensavam a mesma coisa.

- Acho que não é dentro da cidade que vamos procurar algo, e sim em algum lugar próximo. – Enzo comenta finalmente olhando para Jean Patrick e para Derek.

- “Em águas ela dorme eterna, no lago próximo a Lucerna” – Jean Patrick, que parou na rente do Livro, lê para nós – Enzo está certo, a profecia refere-se a um lago, e não à cidade.

- Tem um livro aqui sobre bacias hidrográficas da Europa. – Michelle se levanta e começa a procurar pelas paredes cheias de livros. – Eu só tenho de encontrá-lo.

A cara de surpresa de Jean Patrick e dos outros presentes mostra que eles realmente não conhecem Michelle. Muito pelo contrário do que ela aparenta, Michelle é muito inteligente e lê bastante. Todos os dias – ou seriam noites? -, no horário livre, ela vem ler um pouco. Acho que da equipe escolhida ela é a mais determinada em quebrar a maldição. Depois de algum tempo procurando, Michelle pega um livro preto e grande e coloca-o próximo a mesa onde estamos.

- Temos de achar o capítulo sobre a Suíça, esse livro não tem índice. – ela nos informa folheando o livro.

Tudo está acontecendo tão rápido, há pouco tempo eu descobri que tenho uma maldição, e agora já sou parte do grupo de dez escolhidos para “salvar” nosso futuro e quebrar a maldição.

- AQUI! - Michelle chama a nossa atenção. – Lago dos Quatro Cantões, também conhecido como Lago Lucerna.

Nathan se aproxima dela e lê para nós:

- Seu nome teve origem do encontro dos Quatro Cantões, ou estados, que formam o lago. Entre esses estados está Lucerna. Ele tem 38 km de comprimento.

- 38 QUILÔMETROS? – Rute se espanta – Pirou o cabeção? Como nós vamos achar algo que não sabemos o que é em 38 km de extensão, sem contar a temperatura e a profundidade de lugar? Podemos levar dias, ou meses!

- Talvez o livro nos explique futuramente onde devemos procurar. Por enquanto, tem outra coisa também importante: O que devemos procurar? – pergunto mudando de assunto.

Ficamos em silêncio, como se pensássemos no que eu havia dito. Por um momento me arrependi de preocupar a todos com isso agora.

- Quais são os dois primeiros versos dessa nova estrofe? – Zoey pergunta por fim.

- “Filha do relâmpago e da memória, A musa te mostrará a história” – Jean Patrick, que ainda estava de frente para o livro, lê para Zoey.

- Como pode alguém ser filha do relâmpago e da memória? – Miranda indaga.

Zoey permanece calada, pensativa. Luke quebra o silêncio dos pensamentos e responde:

- Acho que ele está usando isso de um jeito figurado.

- Pode ser, mas acho melhor vermos isso amanhã durante a aula de Mitologia, talvez Pextor tenha uma ideia do que se trate. Ele sabe de quase tudo! – Derek boceja. – Estou com muito sono, boa noite pra vocês que ficam.

Concordamos e saímos para nossos quartos. Eu aviso a Michelle que vou demorar e corro para me encontrar com Enzo na frente da sala de astronomia.

- Rebecca. – Ele me abraça por trás e beija meu pescoço.

- Faz cócegas Enzo! – eu tento me afastar um pouco.

- Só queria ter certeza que é real! Sabe, eu perto de você. – Enzo me vira de frente para ele. – Quando vou poder fazer isso na frente de todos? Eu tenho minhas necessidades de ficar me mostrando para todo mundo que tenho a namorada mais linda do mundo! Você não pode me privar disso para sempre! – então ele se abaixa um pouco e sussurra no meu ouvido - Até meu autocontrole tem limite, não estou mais conseguindo controlar meus instintos de te agarrar o tempo todo.

Eu rio baixo e falo no ouvido dele “Logo” e sinto um arrepio percorrer suas costas. Enzo morde o lábio inferior e me olha com malícia.

- Garota, não me provoque. Você está brincando com fogo... – então ele sorri levemente - Senti sua falta.

- Eu estava com saudades também. – digo e dou-lhe um selinho.

Ele me afasta um pouco e me olha duvidoso.

- Saudade? O que isso quer dizer?

- É uma palavra brasileira que a Rute me ensinou. É um tipo de lembrança boa que queremos reviver, quase que nostálgico. Ou algo assim. – explico a ele.

- Entendo. Então era isso o sentimento que estava me matando por dentro e eu não conseguia explicar. – ele envolve minha cintura em seus braços – fortes, devo lembrar – e eu passo os meus pelo seu pescoço.

- Eu te amo. – digo sincera.

- Eu também. – Enzo diz.

Eu mordo o canto do meu lábio inferior fazendo um quase sorriso e fecho os olhos, Enzo se abaixa um pouco – já comentei que ele é quinze centímetros maior do que eu? -, segura meu rosto com suas mãos e me traz para perto dele, juntando nossas bocas. Ele escorrega suas mão para a minha cintura e começa a me empurrar um pouco para trás, até que minhas costas encostam de leve na parede.

Alguém como eu consegui ter esse pedaço do céu só para mim! Enzo é tudo que toda garota do mundo sempre sonhou para si. Lindo, carinhoso, com sorriso maravilhoso, inteligente, sabe conversar, sincero. Daqueles que depois que você tem, não há nada que te faria soltar. Eu separo nosso beijo, passando a língua em meus lábios para sentir o gosto dele até o final. Rimos com as nossas testas juntas. Enzo me empurra para longe da parede e me roda pela cintura.

- Enzo, para! – Eu o abraço com mais força – Eu vou ficar tonta!

Ele para de me rodar e beija a minha testa.

- Venha, eu tenho algo para te mostrar. – ele me puxa para dentro da sala de astronomia.

- Mas são duas da manhã! – olho para meu relógio – Temos de ir para o quarto.

- Tem de ser agora. Venha logo sua boba.

Sento no chão enquanto Enzo abre o teto da sala. O céu está lindo. As estrelas sorriem para nós e brilham mais do que o normal.

- É lindo! – digo sem ar. O céu noturno sempre foi muito inspirador para mim.

- Não é isso sua boba! – ele sacode levemente minha cabeça – Espere que logo logo vai começar o show.

Não tardou para que eu visse várias estrelas cadentes. Algumas pausas de minutos entre elas. Era lindo. Então eu quebro o silêncio e conto um segredo meu a Enzo.

- Eu sempre achei que estrelas cadentes são estrelas depressivas, aí elas se matam. – falo sem tirar os olhos do céu. Não conto dez segundos para ouvir o riso de Enzo. – Para. – eu o empurro um pouco e faço bico. – Sempre tive essa teoria.

- Pois eu vejo diferente. – ele me abraça de lado e olha para o céu. – Sempre achei que estrelas cadentes fossem estrelas que vinham para a Terra para iluminar os caminhos dos seres humanos. Quando elas caiam, normalmente algo de muito bom acontecia. Por isso que eu te trouxe aqui hoje, pois nós estamos vendo várias estrelas cadentes, logo várias coisas boas vão acontecer.

Eu rio timidamente e enterro minha cabeça em seu peito. Ficamos ali conversando – e nos beijando – por mais um bom tempo. Quando volto para o quarto não consegui dormir. Esse italiano me deixa pirada.

- Musas são seres mitológicos que inspiram os chamados gênios com suas criações artísticas ou científicas. Segundos os gregos, existem nove musas, e são filhas do deus Zeus e da titânica Mnemósine. – Dédalo Pextor, nosso professor de Mitologia explica – Talvez isso ajude vocês. Agora pensem um pouco.

Como se uma cadeia de pensamentos soltos finalmente tivessem se interligado, meu cérebro consegue – de alguma forma milagrosa – explicar tudo que a profecia havia dito na última estrofe. Inicialmente, não falo nada. E se minha teoria estiver errada? E se eu desviasse o grupo do caminho correto por uma interpretação totalmente equivocada e amadora? Quer saber, quem se importa? Eu vou pelo menos tentar dizer algo de útil nessa bodega.

- Tudo faz sentido agora! – exclamo, ganhando a atenção de todos – Zeus era conhecido como o deus dos céus e seu símbolo era o relâmpago. Mnemósine era a titânica da memória, ela era atribuída como uma das mais importantes! “Filha do relâmpago e da memória, a Musa te mostrará a história”, era sobre uma das nove musas que a profecia falava. – ok, eu falei o óbvio, acho que todos perceberam isso. – Claro, isso está muito na cara. – digo tentando esconder meu embaraço.

- Existem nove musas – continuo já que ninguém decidiu se manifestar -, Calíope, Clio, Érato, Euterpe, Melpômene, Polímnia, Tersícore, Tália e Urânia. Cada uma é atribuída a uma área de conhecimento. Basta sabermos qual devemos procurar!

- Isso eu acho que tenho uma suspeita – Rute toma a frente e me encara. – Qual delas tem algo haver com história ou passado?

- Bem, Calíope é atribuída a Poesia Épica, mas Clio é a chamada Musa Da História. – digo por fim. Pai, obrigada pelas aulas de história grega que o senhor me obrigou a fazer quando eu tinha 13 anos. Elas realmente serviram para alguma coisa na minha vida, diferentemente do que eu pensava.

- Devo dizer que Rebecca está correta. – Pextor sorri para mim e prossegue explicando – Clio é uma das musas que mais influenciaram o mundo, ela é a fiadora das relações políticas entre homens e nações. Nunca imaginei que realmente fosse existir.

É nem eu, mas eu também não sabia que Gremilins existiam e eles pareciam uma noite sem estrelas e tentassem me matar. Ah! Também nunca imaginei que alguém como Enzo fosse dar bola para alguém como eu.

- Então é isso! – Derek se levanta em um pulo – Temos de procurar Clio no Lago Lucerna! Quando partimos? – ele encara Pextor com seu olhar mais eu-sou-o-senhor-da-razão possível.

- Hahaha. Alguém nasceu de seis meses aqui! – Pextor brinca.

Dédalo Pextor pode ser um professor relativamente “velho”, mas é um dos que mais admiro aqui dentro – fora, claro, meu mafioso. Possamos dizer que o Dr. Pextor consegue ser um dos mais inteligentes – fora o diretor – e um dos poucos que me entende. Assim como eu, Pextor tem pavor de comer melancia e por acaso pelo mesmo motivo que eu. Quando ele admitiu isso durante uma aula, eu só faltei pular de alegria e dizer que entendia completamente seu receio de ter uma plantação de melancia iniciada no seu estômago.

- Vocês têm de esperar o aval de Pablo. Assim que ele marcar a data, vocês partem. Agora, todos liberados.

Tudo parece tão lógico agora. Lucerna, Clio, a profecia. Quero dizer, eu estava tão cega antes. Lógica! A profecia é uma charada lógica. Eu sempre gostei tanto de problemas de lógica, por que será que a profecia estava me parecendo tão complexa? Tirando o fato que minha cabeça estava lotada com coisas envolvendo Enzo, Jean Patrick, três declarações, um pedido de namoro, namoro escondido, mais Enzo, ataques contra a minha vida durante a noite por um monstro maníaco e mais um pouco de Enzo. Acho que eu não sabia que ia ter de lidar com tantas coisas ao mesmo tempo. Em algum lugar bem lá no fundo do meu cérebro eu sabia que a profecia era fácil, eu só não estava achando um lugar para ocupar meu dia com ela. Eu preciso rever minhas prioridades agora que vamos sair em missão. A partir desse momento eu serei equilibrada, centrada e mentalmente estável.

- Rebecca. Rebecca. – sinto duas mãos fortes sacudindo meu corpo levemente e me puxando de volta à realidade. Enzo está parado na minha frente, sua expressão é uma mistura de aflição com algo que eu não estou sabendo identificar – Rebecca. Você está bem mi amore?

Eu abro um pouco os olhos juntando as sobrancelhas para tentar focar melhor o rosto de Enzo.

- Todos já foram falar com Ércule sobre a viagem. Você não se moveu desde que Pextor nos liberou da aula e Derek ficou dando uma palestra sobre como devemos nos apressar.

Derek falou algo depois de Pextor? Eu devo ter caído em um transe maior do que imaginava, talvez eu tenha fugido da Terra por alguns minutos, mas já estou de volta. Firme e pronta para ajudar. Equilibrada, centrada e mentalmente estável. Quando Derek começa a falar e ainda mais, quando ele começa a se empolgar falando, ninguém segura aquele garoto. Ele tem a mesma idade que eu e a maioria de nós aqui, fora Enzo e Nathan, mas parece ser mais novo.

- Eu estou bem. – digo finalmente – Só estava pensando.

- Ainda bem. Sabe, eu também estava pensando. – ele tira as mãos do meu ombro e segura as minhas com firmeza.

- Sério? Em quê?

- Na noite anterior a da nossa viagem, haverá uma festa de despedida. Assim todos poderão se despedir da equipe e desejar sorte sem atrapalhar o dia-a-dia do colégio. – ele se aproxima de mim e sussurra – A maioria das equipes não volta completa, isso é, quando voltam. – ele se endireita e volta a falar normal antes que eu pudesse absorver a informação – E eu pretendo fazer uma surpresa para você!

- E o que será? – tento arrancar algo dele.

- Se eu falar não será mais surpresa. Só fique sabendo que você vai gostar, eu espero. – Enzo sorri e beija meus lábios. Eu sorrio entre o beijo e seguro seu rosto com carinho até que ele nos separa – Vamos, amore mio, os outros devem estar esperando por nós.

Enzo me ajuda a levantar e me guia até a sala de reunião. Lá, Ércule estava dizendo algo sobre responsabilidade e como a nossa vida correrá constante perigo quando sairmos daqui. Como se já não fosse arriscado o suficiente aquele monstro me atacando durante a noite.

- Saibam que nem eu, nem ninguém estará para socorrer vocês na hora que as coisas complicarem. Vocês têm dois dias para resolverem qualquer assunto pendente por aqui, amanhã a noite será a festa e vocês irão partir na quarta logo que o sol se pôr.

- Mas assim, tão rápido? – Rute se espanta.

- Não, nós vamos esperar até que a profecia mostre como se quebra a maldição para aí sim vocês saírem daqui, até lá, ficaremos aqui com esses traseiros preguiçosos nas cadeiras. – Ércule aumenta repentinamente a voz. Não que isso fosse tão repentino depois que você se acostuma com ele – Claro que sim! Temos de ser mais rápidos que nossos inimigos. Devemos agir à surdina e com habilidade. O treinamento de vocês será reforçado, a parte teórica será deixada de lado. Agora saiam da minha frente e vão começar a se prepararem para partir. Dois dias passam mais rápido do que vocês possam falar o alfabeto.

Derek se aproxima de mim e começa:

- A, B, C, D, E, F – até que Ércule o interrompe com um grito.

- MONTE GOMERY, CALE ESSA SUA BOCA SUÍÇA E VÁ FAZER ALGO DE ÚTIL. TODOS PRA FORA! – ele se vira de costas e sai andando pela sala – Enzo, você fica.

Enzo confirma com a cabeça e me olha descontente. Eu sorrio fraco e mexo os lábios como em uma tentativa de “depois nos falamos”, mas acho que ele não entendeu. Eu saio com Rute e Miranda para os nossos dormitórios.

- Reunião no nosso quarto em cinco minutos. Traga Michelle. – Miranda me avisa e entra no quarto dela e de Rute.

Eu prossigo andando pelo corredor até o quarto de divido com Michelle. Por incrível que parece, por maior que seja esse alojamento especial, só existem dois andares fora o térreo, o primeiro é dos garotos e o segundo das garotas. Cada andar tem três quartos. Logo, duas duplas e uma que dorme sozinha. Como Zoey não fala muito com as meninas, ela dorme sozinha no primeiro quarto do corredor. Michelle e eu dormimos no último. É preciso andar 10 metros mais ou menos entre uma porta e outra. Então eu sigo sozinha até meu quarto, Michelle saiu correndo antes de Ércule nos liberar, alegando problemas urinários.

Por mais incrível que isso possa parecer, Miranda e Rute aprenderam a gostar de Michelle. Ela não é má pessoa, tem umas manias peculiares. Mas quem sou eu para falar de manias peculiares? Abro a porta do quarto girando a maçaneta. Os quartos do grupo especial não são trancados por chave, muito menos por digital. Temos um sistema super inteligente contra invasão: você entra no quarto e tem 10 segundos para digitar a senha ou o quarto explode. Simples assim. Lógica, zero. Alojamento especial, um. A pior parte de tudo isso é a escolha da senha. Cada quarto tem a sua, que é escolhida pelas pessoas que vão usá-la. A nossa é FLUFFY. Ridículo, eu sei, foi ideia da Michelle. Ela disse que aquela coisa que nos atacou da outra vez nunca iria pensar em algo tão trivial. Eu tentei lembrá-la que a coisa que nos atacou não está acostumada a entrar pela porta, ele prefere o método quebrando-a-janela-e-atacando-as-pessoas. Mas ela não me escutou e colocou Fluffy. Foi aí que eu desisti de argumentar.

- Michelle? - chamo quando entro no quarto.

- Estou no banheiro. Um minuto – segundos depois ela sai. – E aí? Como foi o resto da reunião?

- Bem. Reunião no quarto de Rute e Miranda agora. Vamos.

- Ok. Vá na frente, preciso ligar para minha mãe. Avisando que vamos viajar. – Michelle mostra o celular e sorri como se tentasse me convencer do que ela me pediu.

- Tudo bem, mas não demore. – eu saio do quarto e vou em direção à porta “vizinha”.

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- Já está quase tudo pronto, finalmente uma pista convincente. Algo que possa nos levar à resposta. – disse para seu superior. – Devemos partir na quarta-feira para Lucerna.

- Excelente Sui Juris. Espero que tudo esteja correndo bem com você. Temo que algo saia diferente do planejado.

- Nada saíra do eixo Vossa Excelência. Está tudo sobre controle. Apenas sente-se e assista o circo que irá ser montado. – diz e depois desliga.

O codinome veio com o tempo. “Pessoa Capaz” era o que queria dizer Sui Juris em latim. Definitivamente, era a pessoa mais capacitada para realizar tal tarefa. Tudo era uma questão de tempo em suas mãos. Quando recebeu ordens de se infiltrar custe o que custar no grupo dos 10, achou que iria ser um trabalho quase impossível. Porém o destino é brincalhão, e parece que gostou de Sui Juris. Seu nome verdadeiro foi chamado, quase como se fosse perfeito para ocupar a “vaga”. Agora que já estava lá, era mais fácil de manipular as investigações. Se é que essa “caça ao tesouro” pode ser chamada de investigação.

Nunca se transformou em algo diferente quando vai para o sol. Segundo a lenda contada por sua família, ele era o traidor. Sua linhagem buscava a redenção... Com os De Aragão. Tudo que tinha de fazer era impedir que a profecia se cumprisse. Seus antepassados falharam, por isso vaga na Terra há tanto tempo. Sempre evitando os mesmo locais, as mesmas pessoas, não podia ser reconhecido. Não podiam se lembrar dele. Precisava vencer. Não bastava matar os outros escolhidos e fugir, ficaria óbvio que seu nome iria ser manchado e ele seria exterminado, era necessário queimar o livro e guardar o segredo só para si. Tudo era uma questão de tempo.

Tempo para ganhar a confiança deles. Tempo para colocar uns contra os outros. Tempo para alterar os fatos e os tirarem da rota. Tempo para roubar ela para si. Tempo para matar quem entre na sua frente. Tempo. Tudo que eu tenho agora é tempo. Seus pensamentos rodam e imaginam os momentos que vão se passar daqui em diante. Hoje ele mandará outro Aninox resolver alguns empecilhos que estão aparecendo.

Talvez, se eu desse um jeito deles desaparecessem sem deixar rastros... Ele para e pensa mais um pouco no que vai fazer. Não, agora não. Vou esperar, vou deixá-los apavorados depois eu pego quem preciso pegar e levo para longe dos outros.

Ele encara seu colega de quarto e ri abafado. Coitado, mal sabe o destino que terá. Ele então fecha os olhos e finalmente dorme, satisfeito consigo mesmo por ter arquitetado um plano tão engenhoso e perspicaz.

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