Eu me sento e espero pelo entardecer. São momentos como esse em que vemos como é bela a vida. Em que outra hora veríamos o céu laranja? Durante o amanhecer, ele está vermelho, é quando o céu mostra as marcas da noite. Ao entardecer ele se arrepende pelos erros cometidos no dia. Agora está escurecendo, porém ainda é claro, posso ver os últimos raios de sol no horizonte. A noite está chegando, e o dia vai partindo. Porém, ao entardecer, eles param para conversar. Dois opostos convivendo em perfeita união. O entardecer é a hora mágica, é a hora em que renovamos a nossa esperança: por mais escuro que esteja, o sol há de nascer e iluminar meus caminhos, por isso, posso continuar.

Isabella Quaranta

sábado, fevereiro 20, 2010

À Espera do Entardecer - Capítulo 10: Recomeço

Oi gente!

A quanto séculos não?! Peço a vocês um milhão de desculpas pela demora! É que eu ando cuidando de outras coisas. Aproveitei o tempo para escrever uns outros textos pra cá! Amanhã mesmo eu posto um. Mas bem, eu postei! Finalmente eu consegui concluir e consegui que alguém betasse (lesse e me mostrasse erros). Acho que dessa vez ficou bom!

Beijos gente e até logo.

capítulo 10 - recomeço

Capítulo 10

Eu ainda não acredito em tudo que está acontecendo na minha vida. Tudo mudou muito de repente. Até a pouco tempo eu era apenas mais uma garota em um colégio de Londres que, por acaso, tinha o pai como primeiro ministro, que na verdade não é meu pai. Agora, eu mal sei quem eu sou e, por algum motivo maluco, eu fui enviada para uma missão que talvez custe a minha vida. Eu não entendo mais nada. Tudo que eu queria agora era voltar para o meu colégio em Londres e ter de aturar todas aquelas caras comuns.

O que eu to dizendo? Isso aqui é a minha vida! Tudo que eu sempre quis está nesse colégio. Eu queria ser alguém, mas não à sombra de um pai que é primeiro ministro. Eu queria fazer meu próprio destino. Eu vou fazer! Agora estamos indo para o quarto. Cada um em seu próprio estado de choque. Miranda e Rute estão me acompanhando, mas não falaram nada, e não vou ser eu a responsável por quebrar o silêncio. Lembro-me que mais cedo eu estava contando a elas sobre tudo que acontecera na noite da iniciação de Luke.

- Não acredito! – disse Miranda – Três declarações! Como pode! Garota, você deve ter alguma coisa. Vai ter de me ensinar a ser assim!

- O que você vai fazer Rebecca? – Rute parecia curiosa – Tipo, Luke é muito gato! Jean Patrick é um amor com você. Mas Enzo é mais do que perfeito! ELE É MAIS VELHO E SUUPER POPULAR! – ela se sentou na cama – Como eu queria que ele olhasse pra mim. – ela ficou com um olhar pensativo.

Eu não conseguia falar nada para elas agora, enquanto andávamos pelos corredores até o dormitório. Não sei bem porque ficamos em choque. Acho que foi o fato de ainda haver esperanças. Ainda existir uma chance de sermos normais. Amanhã vai ser um dia corrido. Novo horário, novas aulas. Vou ter de me acostumar a dormir durante o dia. Pablo acha que fará melhor para nós, seres noturnos.

Chegamos à porta do quarto delas. Paramos um minuto e olhamo-nos nos olhos.

- Então tchau. – digo

- É, até amanhã Rebecca. – Miranda tenta sorrir, o que mais parece que está gemendo de dor.

- Até mais tarde, querida. – diz Rute abrindo a porta do quarto com sua digital.

Eu continuo andando, sem olhar para trás. Quando chego ao quarto, a porta está aberta. Estranho. Michelle saiu depois de mim. Olho para dentro do quarto e vejo uma criatura horrenda curvada próxima as minhas coisas. Ela era pequena e apavorante, parecia uma miniatura de pessoa, só que tinha dentes pontiagudos, como presas e olhos completamente negros, igual a sua pele. Eu abafo um grito de pavor. A criatura me encara, dá um grito estridente (eu acho que aquilo era um grito, mais parecia um miado de um gato sendo torturado, só que mais agudo) e foge pela janela. Estou apavorada. O que era aquilo?

Michelle entra no quarto.

- O que aconteceu aqui dentro? – ela diz perplexa.

Eu olho ao redor. O quarto foi todo revirado. Tudo está mexido, inclusive as coisas de Michelle. Eu me viro para ela, que vê o pavor nos meus olhos. Gritamos com todas as nossas forças. Mais rápido do que eu poderia imaginar, Amelie aparece ao nosso lado e nos abraça com força. Eu me apoio em seus braços. Não consigo acreditar no que acabei de ver. Aquele ser... Aquela coisa...

- Rebecca. – Amelie diz ainda me envolvendo em seus braços. – Você está bem?

Eu aceno com a cabeça lentamente, não consigo fazer movimentos muito bruscos o choque de ver esta coisa foi maior do que saber que eu posso voltar a ser normal. Lentamente, Amelie me leva para sua sala, no centro no alojamento. Para onde foi Michelle?

- On—onde está Michelle? – junto todas as minhas forças para elaborar essa pergunta.

Amelie senta-se em sua cadeira, do outro lado da mesa, me olha nos olhos e responde:

- Ela está com Fritzi. Ele cuidará dela, não se preocupe. Ela não viu nada.

Não me preocupar? Como não me preocupar um ser não-identificado baixinho, feio e monstruoso acabou de quase me matar?!

- Rebecca, eu preciso que você permaneça calma e me diga exatamente o que viu. – Amelie se inclina para ficar mais próxima de mim.

Eu já estou mais calma, respiro fundo, me ajeito na cadeira e começo a falar tudo que se passou.

- Você faz ideia do que era aquilo Rebecca? – os olhos de Amelie demonstram todo o medo que seu rosto e sua aparência forte faz questão de esconder. O que quer que seja aquilo, eu tenho certeza que devo me preocupar.

Eu posso não saber o que era aquilo exatamente, era uma versão de “Alien, o Oitavo Passageiro” misturado com o Smeagle de Senhor dos Anéis. Muito estranho. Muito medonho. Muito apavorante. Os olhos daquela coisa... Nunca vi nada parecido. Eram negros, profundos, sem vida, cheios de ódio.

Eu olho nos olhos de Amelie e balanço com a cabeça, mostrando que não faço à mínima ideia do que era aquele ser que revirou meu quarto, quase me atacou e depois fugiu.

- Rebecca, aquilo era um Aninox, um ser das trevas enviado para achar algo. – eu a olho com mais curiosidade. Achar o quê? O que um ser das trevas vai procurar no quarto de uma garota como eu? – Aninox não descansam até encontrarem o que foi a eles pedido. Provavelmente é algo que deve estar com você, ou que em algum momento estará. Esses seres podem prever acontecimentos futuros, ou seja, o que ele quer, vai estar com você. Só que você nem ele sabem exatamente quando.

- Ele poderia me matar para eu não ter essa coisa, não poderia? – eu estou assustada, mais do que antes. Eu não quero morrer agora.

- Não. Se isso acontecesse, o futuro ia ser alterado, e ele perderia o objeto de vista. Mas – ela dá uma pausa - se você estiver com o objeto e ele lhe encontrar, ele vai tentar te matar, pois é o único modo de pegar algo seu, a não ser que você dê de espontânea vontade. Preste atenção Rebecca, quando está diante de um ser desse tipo, não se pode somente gritar ou correr, você deve arrumar um jeito de se proteger, salvar sua vida. Eles correm mais rápidos que os humanos, e sua visão noturna é excelente. Eles não falam no nosso idioma, ou em nenhum idioma conhecido. Seus códigos de comunicação são criptografados. Por isso vocês vão aprender como dialogar e como tratar desse tipo de ser.

Eu aceno com a cabeça mostrando que entendi. De alguma forma, não me sinto mais amedrontada ou indefesa. Sinto que posso combater essas coisas. Tudo que preciso é de tempo para aprender. Eu vou me dedicar durante esse mês que precede a viagem, eu vou ser capaz de enfrentar o que vier inclusive Luke, Enzo e JP.

- Hoje você irá dormir aqui. – Amelie estava preparando uma cama na sala dela. Nunca havia notado que havia uma cama ali. Na verdade, eu nunca havia entrado nessa sala. – É mais seguro, e não tem seu cheiro no cômodo. Vamos, vou lhe dar roupas novas. Temos de evitar correr mais riscos hoje.

- Quem pode ter feito isso, Amelie? Você sabe, mandado o Aninox atrás de mim. – ela parece surpresa com a minha pergunta. Até eu estou surpresa, há 15 minutos aquela coisa estava me atacando e eu não era capaz de formar frases com mais de dez palavras. – Eu sei que você sabe quem.

- Eu tenho uma suspeita. – ela se senta na cama que acabou de preparar – Os de Aragão sempre tiveram afinidade com magia negra, mesmo que isso permanecesse em segredo. Eu tenho uma suspeita que eles estão por trás disso.

- Entendo. – sento-me ao lado dela.

- Rebecca, é muito importante que mantenha isso em segredo. Michelle não sabe o que ocorreu, ela só viu você gritando e o quarto revirado, nada, além disso. Não temos como saber se ele estava atrás de você ou dela, mesmo eu achando que não era dela. É melhor, por enquanto, mantermos a calma e fingirmos que nada aconteceu. – ela me encara com aqueles olhos que me matariam se eu ousasse contrariá-la.

- Tudo bem.

- Boa noite, Rebecca. Qualquer coisa, bata lá. – ela me mostra a porta nos fundos da sala.

- Boa noite, Amelie. – deito na cama enquanto ela entra pela porta e fecha quando passa.

Aninox. Então é esse o nome daquela coisinha que quase me matou. O que ele quer comigo ou com Michelle? Estou preocupada. E se durante a missão ele voltar a aparecer e eu não souber o que fazer? Preciso me preparar para tudo. Pobre Michelle, sua cara de pavor pareceu ser pior que a minha. Acho que ela, assim como eu, nunca esperaria que um ser das trevas como aquele existisse (mesmo que ela não o tenha visto), e muito menos que ele entraria nesse colégio super protegido que não aparece nem no Google Earth.

Foi o tal do Aninox que revirou meu quarto da outra vez. Então ele não está atrás de Michelle, e sim de mim. Mas o que eu tenho ou vou ter que pode interessá-lo? Como eu sou estúpida! Deveria ter falado dos ataques anteriores para Amelie, isso tudo poderia ter sido evitado se eu não tivesse com tanto medo de falar com ela. Como será que estão os outros? Nunca vou me perdoar se algo acontecer com eles. Nunca. Eu preciso aprender como combater essas coisas. Eu preciso estar preparada.

x.x.x.x.x.x

Eu ainda não consigo acreditar em tudo que aconteceu. Tudo passou tão rápido. A melhor parte é que agora existe uma semente de esperança dentro de mim. Eu posso voltar a ser um humano, eu posso voltar a pegar sol sem ter de me preocupar em como eu vou ficar.

Eu olho para o relógio. São duas da tarde. Nem posso acreditar, dormi mais de doze horas. Pablo nos dispensou por volta das seis horas da noite (isso porque ele nos chamou em sua sala às três da tarde). Eu achava que a conversa tinha sido rápida, coisa de meia hora, mas me enganei. Enfim, até que chegássemos ao quarto e conseguíssemos pregar o olho já eram nove horas. Nos forçamos a dormir.

Agora Enzo e eu estamos nos preparando para encontrar os mentores daqui à uma hora. Finalmente vamos conhecer o nosso novo horário.

- Sai logo daí, Enzo! Já tem quinze minutos que você está nesse banho! – eu grito batendo na porta do banheiro.

Quando ele sai, o banheiro parece uma sauna. Vapor de água para todos os lados.

- Sobrou um pouco de água para mim? – pergunto sarcástico.

- Claro que sim! Mas vê se não demora ou vamos nos atrasar. Você sabe que eu gosto de ser pontual.

Ele só pode estar brincando. Eu não demoro mais do que cinco minutos no banho, e quando saio, ainda escuto brincadeiras da parte do Enzo.

- Que banho foi esse? Jogou água no corpo e saiu?

- Diferente de algumas pessoas – eu o encaro com olhar fuzilante –, eu me preocupo com o meio ambiente e com estar limpo.

- Muito ecológico, o meio ambiente agradece. Agora para de ficar tagarelando e vamos logo. Você tem cinco minutos.

- Cinco minutos? Mas ainda são duas e meia, temos meia hora para chegarmos à sala do diretor.

- Isso se você quiser ficar com fome, eu vou ao refeitório comer algo antes de ir.

Não entendo como esse cara mantém o corpo. Tudo o que ele faz é comer, ir para a aula e dormir, principalmente comer e dormir. Não que eu seja gordo nem nada, mas Enzo tem um corpo de atleta. Isso ficou meio gay, esquece o que eu disse. Segundo Zoey, o corpo de Enzo é um atlético descansado, ou seja, não chega a ser absurdamente só músculos, o corpo ideal e perfeito segundo as mulheres. Por que eu to falando nisso afinal?

Eu fico pronto em menos de cinco minutos. Coloco um jeans surrado, uma blusa de malha branca e um relógio. Enzo está quase do mesmo jeito, porém sua blusa é cinza.

Fomos para o refeitório. Comemos um sanduiche e um refrigerante. Faltando quinze minutos para o horário combinado com os mentores, Enzo e eu fomos para a sala do diretor.

Somos os primeiros a chegar. Novidade. Para Enzo era assim: ou éramos os primeiros a chegar, ou fazemos uma entrada triunfal chegando por último. O pior que a gente ainda ficou esperando mais ou menos uns dez minutos para que o pessoal começasse a chegar.

Nathan, Rebecca, Rute e Miranda chegaram primeiro, conversando animadamente. Confesso que senti um pouco de ciúmes, e pela reação de Enzo, ele também sentiu. Logo depois chegaram Zoey, Luke e Michelle, e então, os mentores.

Dez minutos depois da hora marcada, chegou Derek. Esse garoto gosta de chamar a atenção, mais do que o Enzo.

Logo que me vê, Zoey se senta ao meu lado.

- E aí, qual a boa? – ela me diz de forma descontraída.

- O de sempre, nada de mais. E pelo alojamento feminino, qual o assunto do momento?

- Eu te dou uma chance de acertar... – ela me olha com diversão, como se tivesse me testando.

- Hummm... – passo a mão pelo meu queixo – Acho que vou passar essa.

- Você acaba de perder a pergunta de um milhão de euros. – ela dá de ombros – A resposta certa seria Rebecca.

- Hã? Como assim Rebecca? – agora estou curioso.

- Não tem por menos, a garota recebeu três declarações de amor em uma noite. Não era de se achar que esse colégio fosse ficar calado.

Zoey parece que está se divertindo com a minha cara de choque. Desde que eu a conheci, ela mudou um pouco, agora fala mais espontânea comigo. Ela nunca foi tímida, só é alguém que prefere ouvir.

O diretor está atrasado 20 minutos. Estamos quase desistindo quando Amelie aparece e diz que podemos entrar. Passamos pelas grandes portas e nos sentamos na frente da mesa do diretor, assim como ontem. Quem começou falando foi um homem alto, ruivo e com físico de lutador.

- Meu nome é Ércule, sou mentor do Nathan e vou explicar a vocês como irá funcionar o novo horário – ele pausa para ver se estamos acompanhando.

Ele continuou explicando que teremos 8 horas de aula por dia, e 4 horas antes do toque de recolher e do início das aulas (duas horas de cada um dos eventos) para fazer as tarefas e outras atividades. Diferentemente dos outros alunos daqui, teremos aula de domingo a domingo, e teremos matérias novas como esgrima, mitologia, história do século XVI, entre umas outras matérias que nunca tinha ouvido falar e muito menos via utilidade na existência de tais. Quem precisa saber lidar com um Ani... Ani... Aninox?! Sei lá! Que coisa mais inútil!

Ele concluiu seu tedioso monólogo (nunca deixe um aspirante de Leprechaun com quase dois metros de altura e com uma cara de não muitos amigos falar sobre como vai ser sua vida daqui pra frente – ele vai conseguir fazer você querer se matar em menos de um minuto, mas você vai ter de ouvi-lo falando por mais 59 minutos antes que ele deixe outra pessoa ter vez) dizendo que estava muito orgulhoso por todos nós e esperava que fizéssemos o nosso melhor. O que você pode deduzir como algo parecido com: “Façam o melhor ou sofram na minha mão.”. Quando essa figura mitológica com cara de psicopata sai, Jason – o meu mentor – sobe lá e começa a falar:

- Olá a todos, eu sou Jason Scavanelli, sou mentor de Jean Patrick e serei o professor de História do Século XVI. Desejo sorte a todos e aproveitem enquanto podem. – dito isso ele dá o lugar ao próximo.

“Aproveitem enquanto podem”, ouvir essas palavras da boca de Jason, que sempre foi muito descontraído e brincalhão fizeram uma mistura de medo com apreensão dentro de mim. Ele não estava com aquela cara de quem estava brincando ao falar isso, ele falava sério, e isso me deixou com medo.

Durante mais ou menos uma hora, todos os mentores se apresentaram. Os únicos que fiquei com medo de conviver foram Kristine, que lecionará Magia (bom, não magia-magia, mas sim como identificar magia de alguma forma e alguns encantamentos. Segundo ela, quem for melhor até o final do curso receberá um livro de encantamentos que é passado de geração em geração aqui no colégio.) e Demitrios que vai ensinar esgrima. Sempre fui muito bom em esgrima, fiz três meses no início do ano passado (nota: durante a estória já virou o ano, mesmo que não tenha sido narrado).

Depois de todos se apresentarem e explicarem o que vão nos ensinar durante esse mês, eu fico com um pouco de receio do que está por vir. Acho que não estão nos contando tudo que vamos ter de passar nesse primeiro momento. Quando o último mentor – o de Zoey, que vai lecionar química avançada – termina de falar, a voz do diretor percorre a sala, e todos nos viramos para o globo terrestre a nossa direita, onde o diretor estava casualmente sentado em cima (como ele subiu em um globo desses de – no mínimo – dois metros, eu não sei).

- Como vocês podem ver, será um mês muito corrido. Sinceramente torço por vocês e quero que se dediquem ao máximo para terem sucesso em sua missão. Agora podem voltar a seus quartos para descansarem, pois em uma hora Ércule vai ver vocês na sala de entrada do dormitório. Vão, vão, vão.

Fomos para os nossos novos quartos, separados dos outros alunos, em um prédio que até hoje mais cedo eu nunca tinha percebido. Fomos divididos em alojamentos, e cada um tem seu próprio quarto com banheiro. Finalmente estou livre dos banhos demorados do Enzo e de seus horários peculiares. Colocamos nossas coisas nos quartos e fomos para o salão de entrada (aquilo nunca poderia ser chamado de sala). Quando chegamos lá, Nathan, Derek e Luke já estavam acomodados nos sofás. Sentamos e ficamos esperando que alguém falasse.

O primeiro a se manifestar foi Luke.

- Parece que a coisa é séria. – diz com o pensamento distante.

- Bela dedução, senhor gênio. – alfineto, e sinto o olhar prazeroso de Enzo. Eu não gosto desse Luke, cara babaca, foi mandar eu me afastar de Rebecca. Até parece...

- Ei, calma, cara! Nós vamos ter de aprender a conviver!

- E quem disse isso? Eu não preciso falar com você momento nenhum, só vou ter de aprender a suportar a sua presença.

- Ei, vocês dois, - uma voz do alto da escada fala nos alertando – Parem de discutir igual a crianças ou não vamos chegar a lugar nenhum. Vocês vão ter de aprender a se suportarem, então comecem a treinar desde já!

Rebecca ri depois de dizer aquelas palavras. Ela parece ter se divertido com a bronca que nos deu, e ao mesmo tempo, parece que está envergonhada por ter dito aquilo.

- Concordo! – diz Enzo. Esse cara não perde uma chance com ela. – Que tal falarmos um pouco de nós? Assim podemos conhecer melhor uns aos outros. – Ele lança um olhar animado para Rebecca, que responde o olhar com a mesma animação.

- Ótima ideia! – diz Derek antes que Rebecca possa falar algo. O cara estava até agora sentado, quase dormindo, com fones do ouvindo e parecia não se importar com a nossa existência. Já vi que esse grupo vai dar o que falar.

Chamamos pelas outras garotas (Zoey, Michelle e Rute) que ainda estavam lá em cima. Logo elas descem e estipulamos um limite de 5 minutos para cada um. Michelle pede para ser a primeira a falar e nós concordamos.

- Meu nome é Michelle Satzvan, tenho 15 anos, sou americana e minha família é dona da maior rede de rádio americana. – ela diz e em seguida escolhe alguém para falar. – Luke!

Já vi que isso vai envolver reputação dos pais... Eu não gosto de falar sobre o assunto. É sempre muito incomodo dizer que meu pai é presidente da câmera alta do parlamento do Reino Unido, nem sempre é bem recebido pelas outras pessoas.

- Meu nome é Luke Chanchett, tenho 15 anos, sou londrino e meu pai é dono de um time de Rúgbi. – ele me encara e diz – Jean Patrick.

Era de se esperar que esse otário estivesse curioso em saber quem eu sou, afinal, ele também quer Rebecca para si, e eu e Enzo somos adversários de valor.

- Me chamo Jean Patrick Lasteff, tenho 15 anos, londrino, meu pai é presidente da Câmera dos Lordes e eu não conheci minha mãe. – olho em volta e escolho aquela figura que há muito tempo vem despertando a minha curiosidade – Derek.

O garoto pareceu um pavão a ouvir seu nome, inflou o peito, se ajeitou na cadeira e depois jogou o corpo apoiado pelo cotovelo no braço da cadeira e então deu início ao seu pequeno resumo:

- Meu nome é Derek Monte Gomery, tenho 15 anos, sou suíço, mas meu pai é americano e minha mãe alemã. Eles são donos da maior distribuidora de doces da Suíça. – ele olha ao redor mordendo o lábio inferior e dando um sorriso no canto da boca – Você, de cabelo rosa. – diz com o olhar sobre Zoey.

- Eu? – ela parece surpresa com o anúncio. Derek confirma com a cabeça. – Bom. Meu nome é Zoey Barnely, tenho 15 anos, sou americana, mas moro, morava antes de vir pra cá, em Hong Kong. Meus pais são donos da segunda maior exportadora de tecnologia do mundo. – ela olha ao redor sem muito interesse. – Rute.

- Sou Rute Marinho, 15 anos, brasileira e meus pais são donos da maior rede televisiva brasileira. – ela para um segundo antes de anunciar – Nathan, é isso?

Interessante, parece que a palavra “maior” se repete bastante entre nós. De alguma forma, todos queremos nos mostrar importantes para os outros.

- Isso mesmo. Meu nome é Nathan Holt, tenho 17 anos, sou norueguês. Já morei em seis continentes, só não fui à Antártida. Meu pai é o presidente da Noruega, e minha mãe é estilista. – ele só olha ao redor e aponta para Miranda, que está na sua frente e ao lado de Rebecca.

- Meu nome é Miranda Forson, tenho 15 anos, sou australiana. Meu pai é biólogo e minha mãe química. Enzo.

Ele estufa o peito e diz com um sotaque italiano mais carregado que o normal:

- Il mio nome è Enzo Cesare, tenho 17 anos, sou italiano e meus pais são donos de várias vinícolas. – ele abre um grande sorriso e olha para Rebecca. - Mia dolce e bella Rebecca.

Esse cara consegue sempre me surpreender e provocar meu riso. Rebecca sorri timidamente e fala em tom um pouco contigo, provavelmente tomando cuidado para não falar demais.

- Rebecca Laurevan, 15 anos, londrina. Meu pai é Primeiro-Ministro do Reino Unido e não conheço minha mãe. Acho que é isso – ela dá de ombros.

Michelle toma a frente e volta a falar. Só que ela começa um monólogo de como é bom estarmos juntos e de como ela acha que iremos conseguir e mais um monte de baboseiras que eu paro de prestar atenção logo no início. Ela tem o mesmo problema que Enzo, complexo de atenção. Ainda não sei como o cara tá calado até agora. Para a nossa sorte, Ércule não demora muito e logo entra no salão.

- Boa noite. Por favor, sigam-me.

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