Eu me sento e espero pelo entardecer. São momentos como esse em que vemos como é bela a vida. Em que outra hora veríamos o céu laranja? Durante o amanhecer, ele está vermelho, é quando o céu mostra as marcas da noite. Ao entardecer ele se arrepende pelos erros cometidos no dia. Agora está escurecendo, porém ainda é claro, posso ver os últimos raios de sol no horizonte. A noite está chegando, e o dia vai partindo. Porém, ao entardecer, eles param para conversar. Dois opostos convivendo em perfeita união. O entardecer é a hora mágica, é a hora em que renovamos a nossa esperança: por mais escuro que esteja, o sol há de nascer e iluminar meus caminhos, por isso, posso continuar.

Isabella Quaranta

terça-feira, dezembro 15, 2009

À espera do entardecer – Capítulo 7: A iniciação

É uma da manhã, e cá estou, escrevendo… Oh vida tediosa… Bom, algumas coisinhas antes do capítulo. Eu desisti de ler Senhor dos Manés Anéis, parti para As 1001 noites. Isso, faz uma semana, esse capítulo não me deixou ler nada.

Desculpem-me pelo atraso, e aí vai o capítulo de presente pra você

P.S1.: Farei uma estorinha curtinha de natal de presente.

P.S2.: COMENTEM.


cap7 - a iniciação

Terno. Sinceramente, prefiro usar uma camisa de força a colocar um terno.

- Eu não vou usar isso. Sem chance! – falo para Enzo.

- Dio Santo! – diz Enzo enquanto termina de se arrumar. – Você tem que ir de terno. É a sua iniciação. É um dia muito especial, você completa 15 anos. Só eu tentei quebrar essa regra, e não deu muito certo.

Olhando por esse lado, eu posso abrir uma exceção.

- Além do mais, - ele continuou – é uma ótima oportunidade para impressionar as garotas.

Enzo pisca o olho para mim. Ele não tem jeito. Eu sabia. Tinha de ter outro motivo por trás disso. A única garota que eu gostaria de impressionar é Rebecca. E ela deve estar bem longe daqui.

- Vai logo, seu sciocco! – ele me dá um “soquinho” no ombro.

Ai! Ele deveria tentar controlar sua força. Acho que outro “soquinho” desses, ele conseguirá quebrar meu braço. Eu faço um esforço e me visto. Realmente, eu fico ótimo de terno. O problema é que eu não me sinto eu mesmo. Arrumadinho demais.

- O que acha? – mostro para Enzo, meio sem jeito, a roupa em mim. Estou parecendo o Ken da Barbie em dia de baile.

- Humm... Seu cabelo... Tá muito arrumadinho. – ele para de frente para mim – Deixa que eu dou um jeito.

Tenho medo. A primeira coisa que ele faz é bagunçar o meu cabelo. O que estava milimetricamente organizado passou a ficar completamente bagunçado. Depois ele abriu meu paletó e tirou minha gravata. E para completar... ele abriu minha camisa uns dois botões, de forma que eu pareço um modelo de propaganda de perfume.

- Pronto. Agora sim, você está vestido e arrumado adequadamente. – Enzo tenta me animar.

Eu me vejo no espelho e abro um largo sorriso. Esse sim, sou eu!

- Ah, não escute nada que a Amelie falar sobre sua roupa. – Enzo me diz quando repara na minha felicidade.

- Tudo bem.

Mal pronunciei essas palavras, ouço uma batida na porta.

- Monsieur Jean Patrick, já está pronto? – falou a doce voz de Amelie.

- Só um minuto. – eu grito em resposta, e me dirijo a Enzo: - Você vai agora?

- Claro que não! – ele me responde. – Eu só vou à meia-noite, quando começar o evento.

Eu aceno mostrando compreensão e saio do quarto.

- Até que em fim! – disse meu anjo de cabelos de fogo, com olhar mortal e impaciente, logo que eu fecho a porta.

Começamos a andar pelo corredor do alojamento. Eu olho para trás quando nos afastamos um pouco da porta. 190. Eu e Enzo estamos dividindo o quarto 190 do alojamento. Não demorou muito para chegarmos ao local onde será realizada a cerimônia de iniciação. Durante todo o percurso ela, Amelie, reclamou das minhas roupas. Eu segui o conselho de Enzo e fingi que não era comigo. Quando eu penso que o sermão acabou, ela retoma a voz.

- Está vendo aquela porta? – ela me mostra uma porta branca ao lado de uma longa escada. – Entre lá, pois meu marido estará lhe esperando para dar as instruções. Agora, Jean Patrick!

- Sim, senhora! – e vou até lá.

Eu estou quase chegando ao meu destino quando vejo uma distração. A distração mais bela e perfeita que eu podia imaginar. É ela, Rebecca. Aquela palavra ficou ecoando em minha mente. Rebecca. Rebecca. Eu tenho milhares de ideias, mas a que é mais forte me diz para gritar seu nome. Eu tenho. De novo. E de novo. A voz se nega a sair da minha garganta. Nossa, ela está deslumbrante! Azul marinho fica maravilhoso sobre sua pele muito branca. Acho que me apaixonei. Se não estivesse apaixonada antes, agora sei que estou. Eu não sei se ela me viu, mas, pelo menos, eu a vi. E ela está aqui, mais próxima do que eu poderia imaginar. Eu entro na porta, ainda meio bobo.

- Olá! – falou-me uma voz grossa, que vinha de um troglodita sentado numa poltrona no fundo da sala. – Você deve ser Jean Patrick.

Ele se levanta para me cumprimentar. Eu não reajo. Ainda estou meio abalado com a imagem de Rebecca... Linda... Deslumbrante... TLEC! Saio do devaneio com o estalar de dedos do troglodita.

- Oi? Terra chamando Jean Patrick!

- Ah, desculpe. Sou sim, prazer. – digo embaraçado.

- Eu me chamo Fritzi Gutenhein, o prazer é todo meu. – e ri de forma simpática.

Gutenhein... Eu já ouvi isso em algum lugar, acho que foi numa garrafa de cerveja.

- Então, - o troglodita diz – o que achou da minha esposa, Amelie?

Claro! Foi aí que eu ouvi. Espera. Esse cara é o marido do meu anjo de cabelos de fogo, da minha virgem dos cabelos esvoaçantes?! Eu não tenho a menor chance contra ele.

- Ah, ela é muito bonita, o senhor é um homem de sorte. – digo completamente embaraçado.

- Haha. Sou mesmo. Ela é muito bonita. – do nada ele me encara sério – Se você sonhar em tocar em um fio do cabelo dela, eu te parto a cara. Entendido?

Fico sem resposta. Estou tremendo. Os olhos dele pareciam que iam me matar. Medo. Ele ri diante do pavor estampado no meu rosto. Eu rio junto, para esconder o medo que meus olhos demonstram.

- Agora, deixe-me explicar como será a iniciação.

Ele fica falando por uns trinta minutos. Eu escuto tudo prestando atenção. Tenho medo que ele me mate caso contrário.

x.x.x.x.x.x.x.x.x.x

Eu estou à beira de um ataque de nervos. Isso não pode ser real! Mas quem seria tão mal a ponto de fazer isso comigo? Meu corpo todo está tremendo. Ele está aqui. Jean Patrick está aqui. Eu deveria ter gritado por ele. Talvez ele não tivesse me visto, por isso não falou comigo. Ou talvez, ele tenha me visto, mas preferiu me ignorar. Ele deve ter encontrado alguém melhor do que eu. Como fui boba, nunca que um garoto tão perfeito como Jean Patrick iria se interessar por alguém tão sem graça como eu. Ei, mas ele me trocou meio rápido! Que garoto galinha. Não, ele provavelmente não me viu. Ele deveria ter gritado. Mas espere, eu gritei! Bom, eu abri a boca e soltei o ar de forma a balançar as cordas vocais, mas não saiu som. Elas se negaram a sair do lugar e qualquer ruído que fosse, fizeram uma revolução momentânea. Mas porque que tinha de ser justamente quando eu o vi?! Eu deveria ter corrido até ele. Francamente, ainda bem que eu não fiz isso. Eu ia parecer uma desesperada! Imagine, eu, Rebecca Fosten Laurevan, divinamente deslumbrante, correndo com um salto de 10 cm atrás de um garoto. Nunca! Além do mais, se isso ocorresse, ia ser um desastre evidente.

O mínimo que aconteceria seria tropeçar e cair de cara no chão. Isso faria com que meu rosto ficasse achatado, mais do que já é, e quando eu subisse para receber o Oscar, quero dizer, fosse para a iniciação meu rosto iria parecer uma bolacha coberta de geléia de morango. Mas isso não importa, eu deveria ter feito algo... Eu não consigo me concentrar.

POR QUE ESSA MULHER ESTÁ ME ENCARANDO? Bom, “essa mulher” é a esposa do saradão do Fritzi. Ruiva de olhos claros. Minhas chances contra ela: 0% posso até cogitar um 100% negativo. Ela me dá medo. Faz 10 minutos que estou aqui, e ela, simplesmente, não falou nada! NADA! Acho que ela vai falar algo, ela está se mexendo na cadeira para poder ficar mais próxima de mim. E então, ela finalmente fala:

- Agora que os seus mentores chegaram, posso explicar a você como será a cerimônia. – ela olha para a porta, eu acompanho o seu olhar.

A porta se movimenta, abrindo; e entram na sala Demitrios e uma mulher. Ah... Demitrios. Meu mafioso consegue me arrancar suspiros toda vez que eu o vejo.

- Olá, Rebecca! – ele diz em tom simpático, muito diferente do apresentado junto aquela mesa de pôquer.

- Parece-me que vocês já se conhecem. – diz a ruiva curiosa.

- É uma longa história, Amelie. Depois lhe conto. – Demitrios responde-a.

Amelie, esse é o nome da bruxa ruiva.

- Esta é Carmela. – ela o ignora, e se dirige para mim.

- Olá, Rebecca! É um prazer lhe conhecer.

Diva. Essa é a melhor definição para Carmela. Acho que ela é latina ou espanhola. Ela é morena, com grandes olhos cor de âmbar, e um cabelo cacheado castanho, como o meu. Carmela deve ter algo com meu mafioso, ele não para de olhar para ela. Esqueci de mencionar que ela tem bunda e peitos fartos? Parece que está amamentando. Eu já perdi Jean Patrick, depois Fritzi e agora meu mafioso! Acho que vou me confessar com o padre Jason, talvez ele possa me consolar.

- Agora, que todos já foram devidamente apresentados, nós podemos explicar a Rebecca como será a cerimônia. – Amelie me encara séria e ordena: - Preste atenção.

- Tudo bem. – digo com um certo medo dela me espancar com uma régua.

- Você irá descer com Demitrios e Carmela uma escada e ir para o centro do ginásio. Lá, irá esperar pelo descendente de Paddock. Então irão se cumprimentar e seguirão para os locais das suas respectivas famílias. – ela dá uma pausa para eu absorver as informações e retoma a voz: - A sua família fica no segundo banco, ao lado direito da de Paddock, que fica no centro. Ao seu lado estará outra escada, por lá você irá descer quando for liberada a saída. Cuidado, todos os presentes no local saem ao mesmo tempo.

- Rebecca, - Carmela começa a falar antes que Amelie continue – lembre-se que você deve cumprimentá-lo com uma reverência, no estilo medieval, ele fará o mesmo.

- Sem problema. – tento parecer despreocupada.

- Ótimo! – a bruxa ruiva voltou a falar. Será que ela não consegue calar a boca. – Eu vou me arrumar, encontro vocês lá em cima.

Ainda bem. Distância dela é tudo que eu preciso.

- Vamos? – diz meu mafioso estendendo-me a mão e dando um meio sorriso. Já comentei que tenho uma tara louca em homens que dão o sorriso de um lado só, quase como se não fossem sorrir?! Pois é, eu tenho.

Eu sorrio e pego a sua mão. Estou tremendo. Eu e escada nunca nos demos bem, ainda mais com um salto de 10 cm. Entramos em um elevador que, estranhamente, não tem botões. Assim que nós três entramos, as portas se fecham e começamos a subir. Estranho, o elevador tem vontade própria. Ele para e abre as porta. Estamos em um corredor com fotos de homens e mulheres com roupas estranhas.

- São os antigos diretores do colégio. O atual, Pablo Dominius, ainda não tem sua foto aqui, só é posta depois que eles morrem. – Demitrios me explica.

Quer dizer que o protótipo de vilão intergaláctico é o diretor daqui... Tô bege!

- Agora temos de esperar Amelie e Fritzi nos chamar.

Foi só falar o nome dela, que Amelie aparece. Ela está fabulosa. Seu vestido é preto com um super decote e o cabelo vermelho solto. Começo a me achar mal vestida.

- Todos prontos? Podemos começar? – ela fala.

- Sim, vamos logo. Vou mandar uma mensagem para Fritzi. Carmela, mande aquele senhor avisar ao meu marido que iremos dar início a cerimônia.

Carmela faz o que Amelie pediu, e vai até o elevador avisar ao homem que lá está parado. Não me lembro dele ali antes. Esse dia está muito estranho. Olho para o grande relógio próximo as cortinas por onde vamos sair. É meia-noite em ponto. Parabéns para mim.

- Parabéns, Rebecca! – parabenizam-me Carmela, que acabou de voltar, e Demitrios.

- Obrigado.

- Chega de falar. – a bruxa ruiva voltou, eu ainda mato essa mulher. – Eu vou entrar agora, vocês esperem Fritzi chamá-los.

Ela sai antes que pudéssemos responder. Escuto sua voz vinda das caixas de som. Ouvi-la já é ruim, amplificado em uma caixa de som é muito pior.

- Boa noite a todos! – ela diz e todos aplaudem. – Estamos aqui reunidos para a última cerimônia de iniciação que será realizada este ano.

Então a voz do bonitão do Fritzi se destaca:

- Hoje nós temos dois novos alunos de duas famílias diferentes. Um Paddock e uma Griffith. Quero que dêem as boas vindas para Rebecca Laurevan!

- Vamos. – Demitrios cochicha para mim, ele e Carmela me dão a mão.

- Rebecca é descendente de Griffith – Fritzi continuou enquanto eu descia a escada – Ela tem como mentores Demitrios Krastoff e Carmela Vicheline.

Estava esperando ele falar meu peso, minha altura, e minhas características gerais, como em um leilão. Parecia que eu ia ser leiloada. Em minha cabeça, eu o ouvia pedindo um lance mínimo de 10 €. Eu fiquei tão distraída imaginando como seria esse leilão que tropecei no meu pé. Durante o meio segundo que eu permaneci em processo de queda, eu vi toda a humilhação diante dos meus olhos. Ao final desse meio segundo, eu senti os braços fortes de Demitrios em volta de mim. Ele me salvou. Meu herói. Quando eu voltei ao normal do meu estado de choque completo e momentâneo, eu olho para o lado, para ver se alguém viu meu tropeço. Lá está ele, parado no topo da escada, meu deus grego. Ele pode não ser mais meu, mas ainda é um deus grego.

- ...descendente de Paddock. – escuto Fritzi dizer – Ele tem como mentores Jason Scavanelli e Kristine Bogans.

Kristine? A bruxa mor?! Coitado. Mas devo admitir, ela fica até que bonitinha quando se arruma. Pelo menos meu padre está aqui, assim eu posso me confessar o quanto antes. O que eu estou dizendo? Finalmente, estou no chão. Demitrios solta a minha mão e indica para eu seguir para o centro do ginásio. Enquanto isso, Jean Patrick fazia o mesmo, e agora ela andava em minha direção.

- E agora, - disse Amelie – a valsa!

VALSA?! Como assim, valsa? Ôôô diretor, isso não tava no roteiro não. Eu não sei dançar valsa. E pela cara de pavor de Jean Patrick, ele também não sabe. Eu pego na mão dele, meu rosto está pegando fogo de vergonha. Nós nos cumprimentamos e ele estende a mão para mim. Não acredito que eu vou fazer isso. Não pode ser. Não na frente de tanta gente. Não na frente de Jean Patrick

- Você sabia disso? – ele me pergunta.

- Claro que não. – cochicho em resposta. Como se eu fosse estar aqui se soubesse de algo!

- É bom lhe ver de novo. – ah, esse sorriso de Jean Patrick tira o meu fôlego.

- É. Eu digo o mesmo.

Vergonha. Vergonha. Muita vergonha. Ele me ama, só pode ser. Ou talvez ele só me ache uma grande amiga que fala o dia em que menstrua para um garoto. A música para de tocar e todos aplaudem. Nós nos cumprimentamos novamente e cada um parte para a sua família. Acontecem mais algumas apresentações artísticas e é apresentado o calendário do início do semestre. Após isso somos todos liberados para festa.

Logo na saída do ginásio, na descida da escada, eu tropeço, novamente, e caio por cima de um garoto.

- Desculpe-me. – digo enquanto ele me ajuda a levantar.

- Não precisa se desculpar. – ele diz se virando para mim. Quando seu olhar se encontra com o meu, ele abre um grande sorriso que faz minhas estruturas se abalarem – Meu nome é Enzo.

Uau, ele é bonito. Tão lindo quanto Luke Clanchett. Ou mais. Realmente, mais. BEM MAIS! Ele é quase que inexplicavelmente impossível de existir. Se houver alguém em um plano superior, decidiu pegar toda a beleza do mundo e jogar em uma só pessoa.

- Eu sou Rebecca. – tento ao máximo fazer minha voz não soar como uma louca que acabou de cair de um precipício por um cara.

- Você estava maravilhosa lá em cima. Eri bellissima! – ele estende a mão para mim - Se importaria de me acompanhar até a festa? – que olhos sedutores, não há como dizer não para esses olhos.

- Claro, será uma honra. – sorrio abobada vendo o sorriso animado dele.

Ele é tão simpático. Conversamos bastante, mas eu tomo cuidado para não me empolgar e começar a falar demais. Eu já cometi esse erro uma vez, e perdi o coitado que escutou, não vou fazer isso de novo. Dessa vez, esse não me escapa. Fico o caminho todo o ouvindo falar de como é legal o colégio e como eu vou gostar daqui. Se eu tiver você do meu lado todo dia, acho que posso viver eternamente sem ver a luz do sol.

- Gostaria de dançar? – ele me pergunta me mostrando a pista.

- Eu não sei dançar. – digo meio envergonhada.

- Vamos, é só balançar o corpo sem sair do lugar ao ritmo da música.

- Tudo bem. – ele me leva para dançar.

Conversamos mais um pouco depois da minha tentativa frustrada de dançar. Ele é italiano, tem 17 anos, está aqui desde os 15, como todo mundo, e mal vê o momento em que ele será encarregado de partir para descobrir como quebrar a maldição e se vingar do traidor. Que heróico.

Meus músculos não suportam mais a pressão e me imploram um descanso. Porém, minha cabeça está a mil querendo ficar para todo o sempre ao lado desse italiano gostoso que eu conheço há quase duas horas.

- Acho que vou indo, estou cansada. Foi ótimo ter a sua companhia. – digo.

Ele pega a minha mão e dá um beijo nela. Eu me derreto por completo.

- Tudo bem. Foi um prazer conhecê-la Rebecca. Tenho certeza que vou vê-la mais vezes. Ciao.

- Ciao. – digo

Eu sorrio e saio. Acabei de ter certeza que eu morri naquele avião, eu suspeitava disso quando realizei que Luke tinha me dado um beijo na bochecha (DIREITA) mais cedo e depois que embarquei conheci Jean Patrick, Jason e Demitrios, tudo no mesmo dia. Se minha teoria estiver certa, eu devo estar no paraíso, do contrário, não haveria tantos anjos e deuses gregos. Eu estou andando pelos corredores e, busca do quarto 360. Ainda não vi nem Michelle, nem Jean Patrick. Amanhã eu vejo isso, estou muito cansada para racionar. Do nada eu encontro o corredor em que Fritzi havia me levado da primeira vez, vou andando por ele, até que chegar ao número 360.

Paro diante da porta. Coloco meu dedo no identificador de digital na frente da maçaneta. A porta é destravada. Então eu escuto um som vindo de dentro do quarto. Deve ser Michelle. Um barulho de vidro quebrando chama minha atenção. Eu entro no quarto. Ninguém, tudo parece normal de início, fora a janela quebrada. Eu olho para o resto do quarto. Alguém entrou aqui e revirou tudo nas minhas coisas. Eu arrumo tudo e me deito para dormir, meu dia foi muito perfeito para me preocupar com essa besteira. Amanhã eu me importo com o que aconteceu aqui. Ou um dia, quem sabe.

x.x.x.x.x.x.x.x

Droga! Eu perdi Rebecca de vista. Onde será que ela foi parar? Eu me sento em um sofá próximo ao bar. Se eu vir Rebecca, eu vou gritar. Preciso falar com ela, não sei o que vou dizer, só quero ouvir sua voz por mais um tempo. Desde quando eu sou assim? Me importo com as pessoas e quero saber delas e de como estão. Acho que preciso de algo para beber. Peço uma água. Não se passam cinco minutos que volto do balcão do bar e uma estranha garota de cabelo rosa senta-se ao meu lado.

- Oi, meu nome é Zoey - ela fala sentando-se como se fossemos velhos amigos, e eu simplesmente não tivesse a reconhecido. – Você deve ser Jean Patrick. É um prazer conhecê-lo.

Estou sem palavras. Ela espera eu responder, mas como a resposta não veio, ela continua a falar sobre a sua vida.

- Eu tenho 15 anos, como você, minha iniciação foi no dia 13 de março e por acaso caiu em uma sexta-feira. O mais interessante é que eu estou aqui desde os nove anos, meus pais adotivos viajaram e me deixaram aqui. Eu não me importo. Gosto desse lugar. Eu sou americana.

Por um milagre ela dá uma pausa, já estava chocado como ela conseguiu falar tantas palavras, tão rápido. Eu estou confuso. Por que será que as mulheres falam tanto? Após uma pausa para pegar ar, ela continua.

- Eu também sou Paddock, parece que é por parte de pai. Não se preocupe, não somos parentes, só temos um ancestral em comum. Quando eu pego sol, eu viro um corvo. E você?

Tenho vergonha de responder, mas algo me diz que posso confiar nela.

- Eu viro uma mulher. – sinto meu rosto queimar igual pimenta.

- Ah. – ela abafa um risinho. – Fale mais sobre você, Jean Patrick, descendente de Paddock. Sabia que somos os únicos? Normalmente, os descendentes de Paddock são assassinados antes de completarem 15 anos, principalmente se forem gêmeos.

- Que estranho, mas eu sou filho único. – digo interessado.

- Deve ser por isso que ainda está vivo.

- Por que “principalmente se forem gêmeos”?

- Não sei. – ela olha para o teto como se buscasse respostas – Deve ter algo haver com a profecia antiga. Não que vá ser igual para todo mundo. Sempre muda. Depende dos 10 escolhidos, para cada grupo, instruções diferente para levar aos mesmos lugares.

Ela é muito macabra, ela falou tudo isso como se fosse completamente normal. Mas algo me diz que seremos bons amigos. Ela insiste que eu fale sobre mim. Então mudamos de assunto e eu cedo a sua vontade. Do nada, ela se levanta:

- Boa noite, Jean Patrick. Eu preciso ir.

- Por quê? Foi algo que eu disse?

- Não, são duas e meia da manhã. Era pra eu estar dormindo desde duas e dezessete. – ela se vira e vai embora.

Garota estranha. Duas e dezessete? Por que não duas e vinte?

Acho que vou fazer os mesmo. Vou até o meu quarto. Quando chego, coloco o polegar no leitor da maçaneta e abro o quarto. Fecho a janela, que estava aberta. Tiro o paletó deito na cama e durmo.

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Capítulo reescrito e postado em 16 de julho de 2010

Siga para o próximo capítulo >>

3 comentários:

Mariana Almeida disse...

Quando minha perna parar de doer faço um comentário decente aqui...
Só pra dizer que li e adorei =D

Jô disse...

Nossa, seu texto é maravilhoso! Ah, posta mais? Estou morrendo de curiosidade pelos esclarecimentos de tudo, principalmente sobre Rebecca e Jean e sobre esse lugar que estão aptos a frequentar, agora que chegaram aos 15. Perfeito, perfeito! :*

Bella Quaranta disse...

Jô, muito obrigada! Esse é só o cap 7, tem os outros nas postagens mais antigas do blog. Ainda bem que gostou, eu ando realmente me esforçando para isso! Beijos.

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